seu silêncio me dá vontade de gritar
mas meu grito silencia
mais um trago engolido à seco
mais um sopro calado
outro poema suprimido.
quinta-feira, 19 de novembro de 2009
dorflex, i love you so
Desperto por volta das oito da manhã
faz um dia lindo de primavera lá fora
mas no momento isso não importa
me levanto desnorteado e rumo à cozinha
uma dor lancinante percorre meu rosto
como se houvesse uma faca cravada em meu
maxilar, mas não há nada
eu abro o armário e minhas mãos trêmulas
reviram vasilhas e taplewares em busca
de analgésicos
encontro, engulo um que desliza junto
com um pouco do café de ontem
acendo um cigarro enquanto ando em
direção ao espelho, me olho
sinto medo e nojo e raiva e dor
ao notar minha face direita inchada
recheada pelo pus entumescido
inflamada
e pulsando, pulsando
pulsando.
Ando de um lado a outro sem parar
a vontade real é de ver tudo foder
quebrar, estremecer e sangrar
o instinto é o de gritar, espremer
arrancar, mas nada faço
só ando e penso penso penso
que a culpa é toda minha e isso me deixa pior
não poder culpar ninguém pela minha
degradação. Fico tenso. Outro analgésico
outro cigarro, evito o espelho porque
se eu olho dói mais além.
Ligo pra minha dentista, preciso vê-la urgente
ela marca comigo pras onze
eu fico esperando a hora passar
ela passa doendo, eu saio
chego no consultório mais monstro que gente.
Ela é bonita e simpática e me olha serena
não se importa que eu pareça o Fofão
enquanto diz que vai me apertar até
que todo o mal desapareça e eu consinto
ela falando com aquele sorriso
não parece nada mal, não
me sento em sua cadeira reclinável
a luz branca apontada pra mim
e ela começa, com sua seringa cheia
daquele líquido adorável
me encharca, anestesiado eu me sinto bem
então ela me aperta e aperta forte
eu fecho os olhos e espero ela terminar
e ela termina e eu pergunto
“foi bom pra você”?
Ela diz, “o quê”?
Eu digo, “nada”
então ela me mostra um copo de plástico
cheio de um liquido amarelo escuro
espesso
ri e pergunta se estou servido
mas eu declino, agradeço e me retiro
no corredor observo meu reflexo
que incrivelmente se parece comigo
me sinto um tolo feliz e mais leve
meu rosto formiga de um jeito engraçado
acendo um cigarro e caminho por aí
ninguém parece se assustar
não há sobressalto
apenas uma brisa leve
de um lindo dia de primavera
eu, e meu sorriso torto
anestesiado.
faz um dia lindo de primavera lá fora
mas no momento isso não importa
me levanto desnorteado e rumo à cozinha
uma dor lancinante percorre meu rosto
como se houvesse uma faca cravada em meu
maxilar, mas não há nada
eu abro o armário e minhas mãos trêmulas
reviram vasilhas e taplewares em busca
de analgésicos
encontro, engulo um que desliza junto
com um pouco do café de ontem
acendo um cigarro enquanto ando em
direção ao espelho, me olho
sinto medo e nojo e raiva e dor
ao notar minha face direita inchada
recheada pelo pus entumescido
inflamada
e pulsando, pulsando
pulsando.
Ando de um lado a outro sem parar
a vontade real é de ver tudo foder
quebrar, estremecer e sangrar
o instinto é o de gritar, espremer
arrancar, mas nada faço
só ando e penso penso penso
que a culpa é toda minha e isso me deixa pior
não poder culpar ninguém pela minha
degradação. Fico tenso. Outro analgésico
outro cigarro, evito o espelho porque
se eu olho dói mais além.
Ligo pra minha dentista, preciso vê-la urgente
ela marca comigo pras onze
eu fico esperando a hora passar
ela passa doendo, eu saio
chego no consultório mais monstro que gente.
Ela é bonita e simpática e me olha serena
não se importa que eu pareça o Fofão
enquanto diz que vai me apertar até
que todo o mal desapareça e eu consinto
ela falando com aquele sorriso
não parece nada mal, não
me sento em sua cadeira reclinável
a luz branca apontada pra mim
e ela começa, com sua seringa cheia
daquele líquido adorável
me encharca, anestesiado eu me sinto bem
então ela me aperta e aperta forte
eu fecho os olhos e espero ela terminar
e ela termina e eu pergunto
“foi bom pra você”?
Ela diz, “o quê”?
Eu digo, “nada”
então ela me mostra um copo de plástico
cheio de um liquido amarelo escuro
espesso
ri e pergunta se estou servido
mas eu declino, agradeço e me retiro
no corredor observo meu reflexo
que incrivelmente se parece comigo
me sinto um tolo feliz e mais leve
meu rosto formiga de um jeito engraçado
acendo um cigarro e caminho por aí
ninguém parece se assustar
não há sobressalto
apenas uma brisa leve
de um lindo dia de primavera
eu, e meu sorriso torto
anestesiado.
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