Matando a fome com cigarros, o solitário
Engolindo palavras, expelindo catarro
E a sede que não cessa com a água do aquário
Os lençóis que abraçam não afagam
Os lábios que se trincam feito barro
Buscam refúgio em lembranças que se apagam
Meus amores escondidos no armário
Envelhecem no papel
Na distância segura dos que sentem
Na calma fria dos que mentem
Quem faria o contrário?
Eu faria se soubesse não ser louco
Não hesitaria, nem centímetro deixaria
Entre um corpo e outro, junto soaria pouco
Um só chegaria perto de ser certo
Mesmo sendo inexato
Seria sensato
Ao menos quente
No mais, menos demente acaba
O cego que tem tato
E o solitário, nesse hiato
que de sono desaba