terça-feira, 17 de julho de 2012

Hangar

Eu me sento e observo os hangares
e os aviões e a névoa fria que nos envolve
tudo parece distante
fora de alcance, minha vista perde o foco
helicópteros, prédios ao longe
minha alma vaga acima das antenas
mas eu não vejo o horizonte
estou cego e pasmo diante desse vazio sonolento
que abraça a cidade
e bocejo soltando fumaça
na tentativa de despertar em mim
o que está adormecido dentro de todos nós
e mesmo que dessa vida de tentar dar corda
aos nossos sonhos
pouca gente acorde pra perceber
como somos de fato estranhos
eternamente buscando no outro
algum conforto
algum meio de atingir aquela felicidade desconhecida
e sem nome
da qual sempre temos apenas relances
o brilho nos olhos de quem a gente ama
num nascer do sol preguiçoso sobre a cama
comidinha da mãe ao chegar cansado
e quase morto de fome
e tantas outras coisas que passam despercebido
enquanto corremos feito loucos
atrás de dinheiro (meios) ou
de algum sentido (fins)
mas os ponteiros giram e giram
e seu tictac contínuo certos dias
soam feito estampidos
talvez Cronus metralhando
seus próprios filhos oprimidos
que caem feito grãos de areia
em sua ampulheta, destino final
do Destino
e em silêncio eu peço ao Universo
que abra meus caminhos
e me livre de todo desatino
que os homens são capazes
do egoísmo, do flagelo e
todos esses sentimentos fugazes
então mesmo que essa pequena oração
sirva somente a mim como lembrete
ou assistente de vontade
abstração da minha dor nas costas
ou cápsula porta-saudades
que seja
ou quem sabe essas palavras subam feito balão
e caiam num outro canto da cidade
eu iria amar incendiar o coração de alguém
que por ventura captasse essa mensagem
eu não acredito no impossível
talvez vocês não devessem também...



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