A cada dia que durmo
E a cada noite que desperto
Eu provo um pouco do veneno do mundo
Parece me levar pra longe
Me faz sentir deserto
Mas é certo que tudo ainda existe
E que algo aqui dentro ainda brilha e resiste
Mesmo que lá fora pareça escuro e um tanto incerto
Precisamos sair pra ver se é seguro
Sermos quem somos sem máscaras, barreiras ou muros
Nada como agora, como que presos
Ao sistema, à vontades alheias
Ou em nós mesmos
Nada à ver com esse vício
Essa maldita cultura de alienação e desperdício
Mas tudo simplesmente continua
O tempo que corrói
O que me nutria, que ainda me destrói
E o vazio que preencho com vinho e noites de lua
Poesia em papel de bar, atividades noturnas
E pela manhã eu descanso e te esqueço
Enquanto a brisa bela sopra as folhas verdes
Eu adormeço e sonho com tempestades de gelo
E olhares escuros de lentes negras e mãos ausentes
Um arrebol exangüe, deveras transparente.
2 comentários:
Esse é lindo, amor.
O veneno do mundo, às vezes, transborda em mim...
A Isa tem razão, esse é lindo. rs
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