quarta-feira, 11 de março de 2009

Ilusionismos.

lá fora choveu o dia todo, e talvez a cidade 
esteja abaixo da linha da lama
aguaceiro que não lava a alma
o céu fechado para balanço
não recebe preces
apenas as derrama

sem calma.

aqui dentro, um pouco mais seco
algo meio calmaria
meio tormento
sempre fui todo sentimento
será uma pena
será que valeria? 

hei de ficar atento.

e quando a primeira chance passar
agarrá-la, pedir que me leve
já não posso esperar
os ponteiros jamais perdoam
quem se ilude
quem se pensa imune

quem se acha doente demais pra dançar.

eu quero correr
pode ser para o mar
para as montanhas
pra uma clareira de luar
prateada e quente quanto
corpos que ardem na eternidade do momento

que nem a morte os poderia tocar.

minhas fantasias me carregam
e me despem de mim
que doce e amargo privilegio
enchem-me de ilusões
para livrar-me do tédio
como se houvessem inventado poesia

para poetas doentes, como se fosse um remedio.

2 comentários:

moriarty disse...

nós dois terminamos um hoje.
muito bonito isso; não mais que seu novo texto, mas bonito mesmo assim.


te admiro cada vez mais, querido.
cada vez mais.

Camila Barbosa disse...

"minhas fantasias me carregam
e me despem de mim
que doce e amargo privilegio
enchem-me de ilusões

para livrar-me do tédio
como se houvessem inventado poesia


para poetas doentes, como se fosse um remedio."

Entendo tanto..