quinta-feira, 16 de dezembro de 2010
15 Passos
terça-feira, 14 de dezembro de 2010
King Of The Rodeo
He's so the purity, a shaven and a mourning,
segunda-feira, 29 de novembro de 2010
De:
segunda-feira, 22 de novembro de 2010
Explicações (uma tentativa)
Eu tenho tentado viver em paz, sem escolher um lado, sem ignorar meu fardo, sem esquecer meu passado mesmo sendo tentado. Não consigo mais ser tão dissimulado. Ser eu no palco e fora dele um ator. Ser contaminado pela descrença alheia, ser só mais um idealista a afundar nessa coisa movediça, nessa areia composta dos restos dos sonhos de gente que desiste. Eu insisto. Eu existo, acho.
Eu tenho sido incapaz de amar mais. Tenho o que veio antes e o que vem depois mas não sei o que fazer agora nesse limbo de existência, o meu eu. Eu esse que não aprende a se prender, continuamente se desprende com excelência, deixando coisas pendentes, caindo eternamente feito estrela cadente com um brilho fosco de abajur antigo de um tempo decadente.
Esse eu deveria ser outro. Deveria ser o que os outros veem. O holograma. A pintura. O intelecto, o charme, os olhos, a cultura, o som, o beijo, o abraço, o estilo, a pica dura. Mas não. Esse eu é outro. Esse aqui é mais real, mais perdido. Esse aqui tem dúvidas e dentes a menos. Tem a doença de sempre querer uma cura.
Onde está a cura afinal?
Pra minha EQM constante, qual a solução pra esse eu que não consegue deixar de ser uma tristeza ambulante, um pedinte mendicante que não consegue dar amor? Eu não posso fingir felicidade, se tudo que sinto é dor, não posso despertar estando chapado nesse torpor.
Sinto que não posso esperar a salvação chegar, nem a loucura passar e muito menos minha vida naufragar. Sinto que não posso me entregar a algo que me consome, que me engole e me vomita todo dia e nas noites me mastiga devagar.
Sinto que disse e disse e disse, sem conseguir explicar. Outra vez falhei.
Sinto que sendo inútil então dizer, talvez seja melhor calar.
Calei.
sexta-feira, 15 de outubro de 2010
Nós um dia, por J.K.
quinta-feira, 7 de outubro de 2010
Moonline
Viva la vida
segunda-feira, 20 de setembro de 2010
Tardio
quarta-feira, 8 de setembro de 2010
Augusta (In-dependência)
a hora da ida, que passa
a condução perdida me leva a encontros esperados
encarar a metrópole em boa companhia
é quase melodia para ouvidos desesperados
e chegar lá a tempo seria especial
pra quem sabe como é duro correr na direção certa
mas chegar atrasado.
eu quase sempre chego atrasado.
Na marginal penetramos a garoa
meus pensamentos tentaram correr
em direção a garota mas ela fugia
não, na verdade ela não existia ali ao meu (não) ver
eram apenas eu, dois amigos e suas amigas
jovens demais pra uma brincadeira
cara ou coroa
- gato mia?
miau.
O ônibus para e dispersa minhas visões
de menino mau, e na estação o tempo ainda corre
enquanto na Paulista uma alemã vem em rota de colisão
eu não desvio e ela quase me abraça
I'm sorry em uníssono e depois um sorriso
ruborizado e ela segue e eu não consigo
entender o porque de olhos tão azuis
me fazerem sentir como se algo tivesse congelado
aqui dentro.
Mas talvez isso fosse só o vazio do vento
frio que deixa meio londrino o clima do centro
e descendo a Augusta a única Heineken do dia
descia amarga e gostosa garganta abaixo
enquanto meus Free's iam incendiando
me fazendo de capacho, uma espécie de escravo voluntário
soltando fumaça eu pensava em como seria John Lennon
comemorando o septuagésimo aniversário
mas lembra dos ponteiros, e meu problema com horários?
Chegamos e não havia mais celebração, pessoas voltavam
ainda de longe vejo a garota, ela sorri em nossa direção
eu tento uma cara que suporte o desapontamento
desisto, assumo a decepção e aperto mão por mão
das pessoas que a garota nos apresenta
novos amigos, novos amores
novos (nem tão?) conhecidos
alguns pareciam divertidos, outros não
alguns pareciam réplicas de gente que eu já havia esquecido.
A missão agora era afogar o resto de feriado
em um mar de cervejas em qualquer um
daqueles bares de esquina
e de volta a rua Augusta observei os paulistanos
cheios de efusividade, meninos e meninas
com ares da carência típica das pessoas da cidade
e logo as duas tribos estavam ali, quase misturadas
enquanto eu girava por todos os lugares feito um Pete Doherty
tendo crises de abstinência.
7 de setembro, dia da In-Dependência
a garota me cede um cigarro, paga a cerveja
e desaparece com competência, eu agarro outro copo
fechos os olhos, sinto o cheiro da garoa
e quando os abro novamente, de súbito
tudo parece um tanto diferente
eu já não sinto nada
nada, fora sede.
Posicionado estratégicamente no centro da mesa
revezo entre as marcas de cerveja
o papo continua, o céu escurece
Pedro, Ju e Ademar continuam no triângulo
que não dá nem desce
a parte paulistana cogita um cinema
mas já era hora de voltarmos
no fim, cada um pro seu lado, sem problemas.
Subo a rua disperso em todos seus sons.
No caminho, ambulantes fogem do rapa
e no metrô ríamos cansados e satisfeitos
lembrando do show que não vimos
e dos travecos e dos garçons e das putas
e dos olhos azuis perfeitos
na estação, esperar foi o de menos
a brisa chegou antes do ônibus
graças a uma pequena dose do doce veneno
- veneno, não! medicina alternativa!
E com a cabeça ativa no caminho de volta
deixo um sorriso de leve no rosto, em minha boca
eu sinto o gosto agradável da bala de morango
Pedro cede, Ademar segue Ju que não cede
Lindsay não cala, o trânsito segue lento
a outra garota me olha, pensa, mas não fala
enquanto persigo as luzes lá fora
minha mente lança perguntas ao vento, como
Se o Amor existe, quanto tempo temos fora o agora?
terça-feira, 31 de agosto de 2010
Olhos de Abismo
ou digestório, não importa
tudo já é sugestivo o bastante
ridículo o suficiente no meu Mundo Ilusório
onde ser bom não é ser bobo
onde o veneno às vezes é o melhor remédio
e os bons momentos são os mais demorados.
Mas aqui há algo errado. O céu cinza inspira o tédio
e aqueles azuis são muito áridos.
Mas não é isso. Não, não é.
Sinto que querem minha pele, querem um sacrifício
que quem sabe eu apodreça na prisão
- ou em uma porra de hospício -
Mas não é isso. Não é "só" isso.
Minhas energias se esvaem e o meu sono não vem
meus amores vão, as minhas lágrimas caem
as pessoas não vêem.
Elas nunca vêem o mal que fazem.
Genocídio e desperdício.
Egoísmo.
Meu eu lírico confunde alívio e suicídio
meu "eu" eu tem crises de identidade
e vaga em delírio.
Mas não é só isso, não, não é só isso.
passa de mero deja vú. Vês?
Eu não vim.
Não vi.
Não venci.
tudo estava assim: O começo esquecemos
O meio - o mais importante - ignoramos
E por fim veio o fim
e finalmente nos perdemos.
não há mais poesias platônicas
não há mais inspiração ou lirismo
O que resta desse poeta é meio amargo
vinte e dois megatons de tristeza
e um par de olhos que refletem o Abismo.
domingo, 15 de agosto de 2010
eu teria escrito isso se
Não procures em outros braços
Os requintes em que se afina
A volúpia dos meus abraços.
Os atletas poderão dar-te
O amor próximo das sevícias...
Só eu possuo a ingênua arte
Das indefiníveis carícias...
Meus magros dedos dissolutos
Conhecem todos os afagos
Para os teus olhos sempre enxutos
Mudar em dois brumosos lagos...
Quando em êxtase os olhos viro,
Ah se pudesses, fútil presa,
Sentir na dor do meu suspiro
A minha infinita tristeza!...
Insensato aquele que busca
O amor na fúria dionisíaca!
Por mim desamo a posse brusca:
A volúpia é cisma elegíaca...
A volúpia é cisma que esconde
Abismos de melancolia...
Flor de tristes pântanos onde
Mais que a morte a vida é sombria...
Minh'alma lírica de amante
Despedaçada de soluços,
Minh'alma ingênua, extravagante,
Aspira a desoras de bruços.
Não às alegrias impuras,
Mas a aquelas rosas simbólicas
De vossas ardentes ternuras,
Grandes místicas melancólicas!...
quinta-feira, 12 de agosto de 2010
quinta 12 / sexta 13 [poeminha]
quinta-feira, 24 de junho de 2010
Vinte e dois
Vinte e dois de junho.
Há vinte e dois anos atrás eu mergulhava assustado no mar de luzes brancas que não me deixavam abrir demais os olhos e em meio ao barulho ensurdecedor do caos dos carros na avenida nove de julho do lado de fora da janela, eu gritei, pela primeira vez.
Vinte e dois anos à frente, na madrugada gélida no início de mais um inverno, sozinho na sala de casa. Apenas eu. Eu e o silêncio. Um cigarro, um café requentado. A respiração dos que dormem. Se houvesse um número, talvez alguma mensagem chegasse, talvez. Se a internet funcionasse, eu notaria mais cedo e desinteressado a falta de criatividade dos mecanizados que desejam o velho parabéns, tudo de bom, muita saúde, paz e dinheiro no bolso. É fácil falar. Ninguém pensa na sua saúde enquanto você acende um cigarro atrás do outro. Muito menos na sua paz, quando nada parece dar certo, quando as mulheres não te olham e não te querem, quando você se senta pra escrever e sente o vazio sufocante da folha e seus dedos não se mexem, quando você cai, quando não vão com a tua cara, ninguém de fato se importa. Ninguém põe um Real no seu bolso ou te paga um café. Não te oferecem um bolinho de haxixe, nem um pouco de sexo casual só porque há vinte e dois anos atrás você ganhou o incrível privilégio de estar pronto pra morrer.
Sem novidades, deitei em minha cama e dormi. Nos meus sonhos o meu subconsciente jorrava imagens de pessoas e animais e situações absurdas, que não valem registro. De manhã, minha sobrinha chega para esperar o horário da escola. Me acorda e pergunta sobre o controle da tv. Eu o pego no canto do colchão, troco-o por um beijinho e volto a dormir. Sono despedaçado. Abro os olhos de vez em quando. Ouço minha mãe chegar para o almoço e finjo ainda dormir pesado. Por algum motivo, não quero me levantar. Adormeço de novo, esperando que alguém me acorde com algum carinho, que me dê um abraço. Desperto de novo com a narração de um gol. Olho fixo para o teto, já deve ser de tarde. Tenho de buscar remédios para minha mãe no posto de saúde. Posso aproveitar para passar em alguma lan-house e checar meus e-mails. As melhores mensagens sempre vem por e-mail. Fecho os olhos. Hoje parece ser o dia mais frio do ano. Por dentro e por fora.
Por algum motivo, ainda espero deitado, pensando alto. Começo por elas, claro. A primeira e mais tímida, por mais que tivesse sangue espanhol, mandaria simpáticos cumprimentos via net, o que se confirmou mais tarde. A segunda talvez viesse, depois de três anos, me mostrar suas novas tatuagens e quem sabe outras coisas interessantes que aprendera nesse meio tempo, me olhando com os mesmos olhos meigos de sempre depois de testar meu fôlego. Não. Então penso na terceira, que viria acompanhada de dois ou três amigos em comum, trazendo cervejas e petiscos, talvez com um bom livro ou disco pertinente. Passaríamos uma tarde agradável, tomando o devido cuidado de não olhar muito nos olhos e parecermos bons amigos e não o tipo de gente que espera o menor descuido dos presentes pra relembrar o passado dentro de um banheiro qualquer. Não. A quarta não me surpreenderia. As outras são apenas outras. Chega. Nenhuma virá. Talvez, daqui a meia hora algum amigo grite no portão, ansioso por alguma boa celebração de terça-feira, então novamente eu fecho os olhos. Penso no meu pai. Sonhos breves e desconexos. Abro os olhos novamente, dessa vez ciente que ninguém virá. Não há o que, não há quem, não há mais nada a esperar.
Me levanto e sinto o frio arrepiar meus pelos do corpo inteiro, visto apenas uma calça leve. Passo pela sala, meu irmão assiste a novela debaixo de cobertas no sofá, eu vou direto até a cozinha, até a garrafa de café, pego um pouco e esquento onze segundos no microondas, enquanto acendo um cigarro. Sinto o olhar de desaprovação às minhas costas mas não olho. Bebo o café e termino de fumar olhando para o espelho ao lado do banheiro. Evito tirar conclusões, apenas termino de fumar, pego uma toalha e tomo um banho quente, exercitando minha técnica infalível de cantarolar músicas mentalmente para evitar pensar no que acontece do lado de fora. Um escapismo conveniente, ou uma fuga ritmada como eu gosto de chamar. Sempre funciona.
Saio no frio fazendo tudo rápido. Cueca. Meias. Desodorante. Calça. Camiseta. Blusa. Tênis. Cigarros. Isqueiro. Receita. Rua. O dia é cinza, o vento é ártico, com sereno constante. Eu caminho até o posto e lá me dou conta de que minhas primeiras palavras do dia foram “por favor, onde fica a farmácia?”. Retiro os remédios, faltou amoxicilina. Ando um pouco pela rua, nada demais acontece. Volto para casa a tempo de ver o jogo da Argentina contra a Grécia. Passo raiva, gregos não sabem jogar bola. Talvez entendam de churrasco gorduroso no Anhangabaú, ou de beijar cus por aí, mas não de futebol. Faço minha primeira refeição, um pão com manteiga. O jogo acaba, minha mãe chega, eu mostro os remédios, ela diz que precisava mesmo era da amoxicilina e me deseja um feliz aniversário, eu respondo um valeu inaudível.
Decido almoçar e sair. Talvez algo me espere lá fora, fora o frio. Talvez alguém esteja me procurando, fora eu. Talvez o futuro esteja guardando o meu presente. Talvez...
Mas não houve nada demais. Na lan-house, a garota que me conhece me deseja parabéns pelo aniversário e logo em seguida pergunta minha data de nascimento para fazer meu cadastro. Eu digo número por número observando sua expressão surpresa por ver que os números que eu dizia eram exatamente idênticos a data de hoje, exceto pelo ano. Algo se mexe dentro de mim. Dou a ela meus únicos cinquenta centavos, e ao creditar na minha conta, o sistema me dá duas horas extras pela data especial. Finalmente, um pouco de magia. Vejo os recados (parabéns, tudo de bom...etc.), jogo umas partidas de pôquer e saio.
Encontro uns amigos, alguns deles acendem velinhas. Outros abrem vinhos. Uma me entrega o original de um trabalho de escola feito com textos meus. Uma antologia. A professora quer me conhecer. Esqueço de perguntar se é bonita. A noite segue.
Vinte e dois de junho. Há vinte e dois anos atrás eu mergulhava assustado no mar de luzes brancas que não me deixavam abrir demais os olhos e em meio ao barulho ensurdecedor do caos dos carros na avenida nove de julho do lado de fora da janela, eu gritei, pela primeira vez, e não havia volta.
quinta-feira, 27 de maio de 2010
O Solitário (Matando a fome com cigarros)
segunda-feira, 24 de maio de 2010
Epitáfio
sábado, 13 de fevereiro de 2010
Bluebird
wants to get out
but I'm too tough for him,
I say, stay in there, I'm not going
to let anybody see
you.
there's a bluebird in my heart that
wants to get out
but I put whiskey on him and inhale
cigarette smoke
and the whores and the bartenders
and the grocery clerks
never know that
he's
in there.
there's a bluebird in my heart that
wants to get out
but I'm too tough for him,
I say,
stay down, do you want to mess
me up?
you want to screw up the
works?
you want to blow my book sales in
Europe?
there's a bluebird in my heart that
wants to get out
but I'm too clever, I only let him out
at night sometimes
when everybody's asleep.
I say, I know that you're there,
so don't be
sad.
then I put him back,
but he's singing a little
in there, I haven't quite let him
die
and we sleep together like
that
with our
secret pact
and it's nice enough to
make a man
weep, but I don't
weep, do
you?
c. bukowski